Rio de Janeiro, 27 nov (EFE).- A operação militar e policial para despejar dezenas de traficantes e drogas das favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, mantém a cidade em suspenses, depois que o prazo dado neste sábado pela Polícia aos bandidos para sua rendição terminou.

A Polícia Militar sugeriu primeiro a rendição para evitar um prolongamento da onda de violência que iniciada há uma semana e que deixou até agora 35 mortos, e horas depois lhes deu um ultimato até o anoitecer deste sábado ou caso contrário teriam que enfrentar a força da lei.

"O prazo é até o final do dia, quando o sol se puser. A decisão (de invasão) é da Secretaria de Segurança. Nós temos superioridade, equipamentos, como visão noturna, para agir de noite. Se chegar a ordem, tomaremos o local à noite", disse o relações públicas da PM, coronel Lima Castro.

No entanto, a noite chegou e a situação nos acessos da favela se mantinha sem mudanças, com centenas de policiais e soldados apontando seus fuzis em direção ao alto do morro, protegidos por tanques Cascavel-Urutu do Exército, que devem ser os encarregados de abrir caminho pelas vielas do Complexo do Alemão.

Horas antes do ultimato, um desses tanques tentou entrar na favela, situada na zona norte do Rio de Janeiro, mas os traficantes entrincheirados responderam com um intenso tiroteio.

O veículo blindado avançou alguns metros pelo principal acesso à favela, uma rua de forte aclive, seguido de um grupo de jornalistas e fotógrafos, que tiveram que deixar o local correndo com o início dos disparos.

A operação para cercar o Complexo do Alemão, um conjunto de 15 favelas no qual vivem cerca de 400 mil pessoas, começou na quinta-feira passada depois que dezenas de bandidos armados com fuzis se refugiaram na região.

Os traficantes chegaram lá após fugir da vizinha Vila Cruzeiro, de onde foram expulsos por policiais que chegaram a bordo de blindados da Marinha.

Os grupos de traficantes são tidos pelas autoridades como responsáveis pela onda de violência que começou há uma semana com ataques a postos policiais e o incêndio de carros e ônibus em diferentes partes do Grande Rio.

Na madrugada deste sábado, a menos violenta da última semana, foram incendiados cinco automóveis no município de Nova Iguaçu, com o qual o total de veículos queimados supera cem.

A operação policial deixou pelo menos 35 mortos, a maioria deles supostos traficantes, assim como dezenas de feridos e mais de 200 detidos.

Hoje, pela primeira vez na semana, as autoridades não registraram mortes no conflito, mas vários feridos, entre eles uma criança de 12 anos, morador da favela do Jacarezinho, que foi baleado na perna por bandidos porque se negou a conseguir gasolina para incendiar veículos, segundo a PM.

Diego Raimundo da Silva, de 25 anos, conhecido como "Mister M", foi o único a se render neste sábado, atendendo um pedido feito por sua própria mãe.

De outro lado, as autoridades detiveram um numeroso grupo de pessoas do Complexo do Alemão, pelo temor que se tratasse de traficantes disfarçados.

Apesar da gravidade da situação, moradores das áreas vizinhas à favela, entre eles muitas crianças, circulavam tranquilamente por entre os tanques e policiais postados nas vias de acesso ao bairro, à espera da ordem de ocupação que, segundo algumas autoridades, poderia acontecer esta mesma noite ou na manhã deste domingo. EFE